quarta-feira, 28 de maio de 2014
Mistura Efervesceste
Acredito em ciclos, eis que estou
em mais um deles. Não sei se recomeçando ou finalizando, o importante é que
estou! Quando fui convidado para escrever quinzenalmente (espero!) sobre cultura
para este site, fiquei me perguntado se diante de tantas demandas eu teria
tempo, decidi arriscar e aqui estou eu. Para abrir os trabalhos decidir
escrever sobre algo que já faz parte da minha respiração, esta tão impregnado
em minha pessoa que não tenho como me desvencilhar: Plataforma, Centro Cultural,
Caldeirão Cultural.
Este ano o Centro Cultural
Plataforma (Único e importante espaço cultural pertencente ao governo do estado
situado no Subúrbio Ferroviário) completa sete anos de reabertura das suas
atividades, para comemorar os grupos decidiram fazer uma grande festa que
terminou virando um mega festival: O Caldeirão Cultural. E lá se vão oito
edições. Com uma característica própria e uma identidade indefinida, o
Caldeirão dura e perdura seguindo a lógica da comunidade: servir de vitrine
para os grupos culturais existentes no Subúrbio. Para, além disso, serve como
uma verdadeira incubadora de projetos do CCP. Todos os anos, mais de quarenta
grupos, novos e antigos, se dividem entre a Praça São Brás e as dependências do
antigo cine, o evento é uma verdadeira mistura efervesceste cultural. Só uma
pequena correção antes que ocorra algum equivoco, quando digo identidade
indefinida, quero me referir ao seu tempo de execução. Desde a sua primeira
edição em 2007, o caldeirão já sofreu diversas mudanças, variando de uma semana
à dois meses de duração. Uma coisa nunca mudou, a garra e a vontade de mostrar
que na periferia existe diversas outras formas do fazer cultural.
É possível observar que com o
passar do tempo houve um crescimento, um aprimoramento do que é feito pelas companhias
desta região é visível a cada edição. A reforma do Centro Cultural ajudou no
surgimento de novos grupos, na melhoria de antigas trupes e no fortalecimento
de uma unidade cultural suburbana. Hoje é possível ver bons espetáculos sem
precisar se deslocar para o Centro da Cidade, é possível mostrar o seu trabalho
também, e olhe que nem estou falando da geração de emprego e renda (não vou
entrar neste assunto agora). É claro que muita coisa precisa avançar, afinal,
oito anos ainda é pouco para mudar muito tempo de descaso.
O Caldeirão Cultural que foi
pensado como uma festa de aniversário, passou à festival, já teve edição sem
nenhum centavo do Estado e, hoje integra o Circuito de Festivais da Secretaria
de Cultura, foi pioneiro no processo. Há sete anos, quando começou, o evento
servia apenas como forma de externar a felicidade da comunidade em ter o seu
antigo espaço cultural de portas abertas novamente. Hoje, ele faz parte do
quadro de importantes eventos da Cidade de Salvador e se destaca entre os principais
festivais da cidade. É importante deixar claro que a atividade é feita em
comunhão entre a sociedade civil organizada, através do Fórum de Arte e Cultura
do Subúrbio, e o Governo do Estado, a
partir da Diretoria de Espaços Culturais, setor responsável pela gestão do
Centro Cultural Plataforma e mais 16 espaços espalhados por todo Estado da
Bahia.
É isso, gostaria de lembrar que a
edição deste ano começa dia 31 de maio e segue até o dia 10 de junho, vale a
pena conferir de perto. No próximo texto falarei sobre a Cultura, Copa e suas
influências. Até!
Márcio Bacelar é jornalista, produtor
cultural e Assistente de Coordenação do Centro Cultural Plataforma. marcio.bacelar@yahoo.com.br
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
VALE DO CAPÃO – O INÍCIO
Eita!!! Pense numa viagem que não foi programada. Pense numa viagem que te tira do rumo, te deixa incomunicável e que aparentemente tinha tudo pra dar errado. Pense numa viagem sensacional. Pois, essa foi a impressão que tive no final das contas. Sem dúvidas, este foi um dos roteiros mais fantásticos que fiz na minha vida. Vale do Capão - Chapada Diamantina, este com certeza é um dos roteiros indispensáveis na vida de qualquer pessoa. Vamos lá!
Após um mês movimentadíssimo, finalmente me vi em período pleno para o gozo de férias. Não havia planejado nada de diferente. Eu queria apenas ficar em casa, de penas para o ar, deitado em minha cama assistindo Tv o dia todo na companhia da minha cadelinha, no fim de semana ver o love e, dar uma organizada nas coisas aqui de casa. Nada demais, era só isso que eu havia planejado para os meus 15 dias de sossego. Por um acaso, e tão somente por isso, minha coordenadora, amiga, irmã e conselheira para todas as horas, em conversa comigo através do Facebook, me convidou para acompanhá-la para uma viagem curta em família para o Vale do Capão. Detalhe: a conversa aconteceu na madrugada de quarta para quinta-feira e a viagem aconteceria na madrugada de quinta para sexta. Eu fiquei em êxtase! não somente pelo fato de ter algo para fazer no meu período de descanso, mas por causa da oportunidade de poder conhecer um lugar que é desejado por 10 entre 10 pessoas que conheço. Mesmo sem ter planejado, arrumei as malas e segui rumo ao Centro-Sul da Bahia.
VALE DO CAPÃO – DIÁRIO DE BORDO
Quando me referi a "aparentemente dar tudo errado" foi por dois motivos: a distância; o clima instável. De Salvador para a Cidade de Palmeiras, são aproximadamente 443 km, algo em torno de seis horas de viagem de ônibus. No trajeto existem três paradas: Feira de Santana, Itaberaba e Lençóis. A cidade fica entre os municípios de Lençóis e Seabra. Quando busquei informações sobre compra de passagens, encontrei apenas uma linha fazendo o trajeto: Real Expresso/Rápido Federal. Não existem opções de ônibus Leito, Semi-leito ou Baby Cama, rola apenas o Executivo tradicional e pronto! Isso faz com que a viagem torne-se desconfortável. Preferi viajar de madrugada acreditando que dormiria no caminho até a cidade destino, ledo engano! Alguns trechos da BR 242 estão esburacadas, transformando o tranquilo sono em pesadelo.
Passado o trecho de ônibus, de Palmeiras até o Vale do Capão, localizado no distrito de Caeté-Açú, são mais 18km de carro. Existem cooperativas de vans que fazem o trajeto sob o cus
to de r$10 por pessoa. O caminho é de terra batida, com vários buracos no percurso, mas a paisagem compensa qualquer coisa. É possível ver nesse trajeto alguns dos rios que cortam a região. Seguimos então para a pousada.
VALE DO CAPÃO – SOB A ÓTICA DO TURISTA
Chovia muito quando chegamos no Capão. Isso me fez pensar que durante nossa estadia por lá, a chuva permaneceria também. Como o local mantem um ar sustentável, a Vila é o único local que tem calçamento de pedras de paralelepípedo, as demais localidades são de terra batida. Quando chove a lama se faz presente.
A minha primeira impressão era de que o local era “preparado” para turista ver. Várias lojinhas de artesanato local, roupas hippi
es e comidas naturebas. Ainda bem que só foi a primeira impressão! Com o passar dos dias isso foi desconstruído.
Outra coisa que me chamou atenção foi a quantidade de restaurantes, lojas e “centros” de cura e massagens
alternativas. Descobri posteriormente que o local em meados da década de 60 foi redescoberto por uma juventude influenciada pelo movimento hippie, que criou um misticismo em volta do Vale, de suas belezas naturais e sob as linhas da Nova Era. Até hoje o local é “ocupado” e visitado pela galera “Alternativa”, ambientalistas ou de pessoas filiadas a uma variada gama de estilos de vida fundados em crenças ecológicas.
Achei o custo de vida lá um pouco alto. Vi simples camisas custarem de r$ 29 a 250 reais, licores dos mais variados sabores por r$25 a garrafa, cerveja Long Neck r$4 (se for comparar com a marca e com a distância dos Centros de distribuição até que o preço estava razoável). Vale lembrar que também tinha muita coisa em conta. A pousada custou r$25 a diária, uma pizza gigante de massa integral por r$45 e um café da manhã, farto e muito bom por r$11 em média. O rango em um restaurante de comida caseira também foi barato, curto de r$6 a 12 por pessoa, dependendo da fome de cada um.
Para quem quer se isolar o lugar é ideal. Não tem operadora de telefonia móvel que consiga alcance naquela região. Telefone fixo existe, internet também. Mas as ligações só podem ser feitas por dois orelhões que ficam na frente do posto de saúde (pelo menos só vi esses dois) ou nos estabelecimentos comerciais e algumas casas da região. A internet pode ser acessada em algumas lan houses espalhadas pela vila ao custo de r$1 por 15 minutos de acesso. Tem também alguns bares e pousadas que oferecem o serviço via wifi. Lugar para se divertir não falta. As opções vão desde uma trilha, circo, bares até música eletrônica.
Como o tempo de viagem foi curto, fizemos apenas duas trilhas. Uma para o Rio Preto e outra para Conceição dos Gatos. Na primeira, tivemos tudo que temos direito. Trilha no meio da mata, subida e descida de barranco, escaladas em pedra e por fim: um belo banho de cachoeira. As águas do rio preto é geladíssima! No fim do dia estava revigorado e com vontade de fazer outras trilhas disponíveis.
A trilha para Conceição dos Gatos tinha uma pegada mais tranquilo. Caminho sempre reto, seguido de um córrego criado pelo dono do terreno, através da água desviada da cachoeira. Na cachoeira algumas piscinas naturais se formavam entre as pedras. Uma coisa chata, mas que em nada atrapalhava a trilha, eram os diversos tubos que a todo instante brotavam nas margens do riacho. Os moradores utilizavam desse recurso para levar agua até suas propriedades. Depois de um dia inteiro tomando banho de rio, era hora de comer! O local é bem servido de opções, tanto para os bolsos quanto para os gostos. Almoçamos num restaurante que tem vista panorâmica para a cachoeira, com pratos que vão de uma simples salada à carne de carneiro.
Por fim, no dia seguinte retornamos para Salvador. A viagem de retorno foi cansativa, mas revigorante por causa dos dias que recarregamos as baterias no local mais mágico da Bahia.
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