sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Obrigado por tudo amigo!

A todo o momento utilizamos o significado de família que ultrapassa o conceito artificial disseminado pelos comerciais de margarina. Falamos quando tínhamos que falar, silenciamos quando transmitimos pensamentos respeitosos, mas também falamos quando já se havia dito e calamos quando as palavras eram necessárias.

Como toda família, seja ela de sangue, social, profissional ou a mistura de tudo isso, o que as faz está sempre conectados é o simples e inaudito amor. Só quem tem a capacidade de se unir para realizar o que quer que seja e, amar mesmo não sabendo disso, sabe o que estamos sentindo. Nós sabemos que ele nos amou, assim como todos nós o amamos, cada qual da sua forma.

Aquele que nos uniu, hoje descansa em paz. Estamos falando de Jorge Luis Bispo Santos, ou comumente conhecido como Ravinny, Jorge Ravinny. Sua matéria nos deixou, mas seu espírito, seus ideais e sonhos continuam conosco. Sua passagem pela terra foi breve, porém, suas realizações foram marcantes e irão prosperar.

Fazendo uma breve retrospectiva de sua vida, Jorge Ravinny iniciou sua vida artística ainda como estudante secundarista no Colégio Estadual Severino Vieira, lá fez parte do Grupo Estudantil de Teatro que montou a peça “Sob a Luz da Mesa” com Direção de Raimundo Sousa. Em 1997 participa da Oficina de Teatro Popular ministrada pelo Diretor Jorge Arte e ajudou a criar o Grupo Cultural Outra Metade na comunidade de Boiadeiro / Subúrbio Ferroviário de Salvador. No ano de 1998 montou e circulou como Ator por varias comunidades com o espetáculo teatral “A Traição”. Estreou em 99 como Diretor com o espetáculo infanto-juvenil “A Maldição de Malévola”, texto de sua autoria, coordenando neste mesmo ano o Projeto Recriança – Recreação Artística para Crianças e Adolescentes na comunidade de Boiadeiro.

Participou em 2000 como Arte-educador do Programa Escola Aberta da UNESCO nos bairros de São João do Cabrito e Lobato, em 2001 no Projeto Espaço Cidadão do Parque / PANGEA, Parque São Bartolomeu. Em 2002 montou e circulou como Ator e Diretor pelo Subúrbio com os espetáculos de Teatro de Rua “Como É Que É? e Maria e João”. Já em 2003 participou do Iª FITA – Fórum Intermunicipal de Teatro Amado na cidade de São Sebastião do Passé e foi um dos fundadores da Rede do Movimento de Teatro Amador da Bahia.

Em 2004 ele daria um passo fundamental para a cultura no Subúrbio Ferroviário de Salvador, através da Coordenação do I° Cortejo Artístico e Performático em Comemoração ao Dia Mundial do Teatro no Subúrbio Ferroviário, ele cria um manifesto em conjunto com diversos grupos culturais pela reforma e reabertura do Cine Teatro Plataforma. Através desta mobilização e de vários abaixo-assinados ele consegue através de uma emenda parlamentar sugerida pelo então deputado estadual Emiliano José a reforma e ampliação do espaço que posteriormente é conhecido como Centro Cultural Plataforma.

2004 / 2005 – Coordena o Projeto Arte, Cultura e Paz para a Cidadania no Movimento de Cultura Popular do Subúrbio com patrocínio da PETROBRAS, fundando inclusive, a entidade proponente.2007 foi o ano da idealização e coordenação do Projeto Leitura e Literatura que circula por comunidades e bairros do Subúrbio com a Biblioteca Poeta Douglas de Almeida. Ainda neste ano ele é selecionado para ocupar o cargo de Mobilizador Cultural pela SECULT/REDA e circula por 10 cidades da RMS organizando e mobilizando os encontros municipais e regionais de cultura.

2008 – Fez a Produção Executiva do espetáculo “A Mesma Coisa” do Bando de Teatro Lokos In Cena no Centro Cultural Plataforma, grupo vindo de Simões Filho. Fez também a Produção Artística do Caldeirão Cultural, semana comemorativa de 1 ano de reabertura do Centro Cultural Plataforma. Em 2008 foi também o ano da idealização e coordenação do Projeto Teatro Negro no Subúrbio e mais tarde dirige o recém formado Dùdú Odara – Grupo de Teatro Negro, formado por atores e atrizes negros (as), como resultado, estreou o espetáculo “Meu Nome é Brasil” como Diretor Geral e Produtor Executivo. Para este mesmo grupo, planejou e também coordenou dez oficinas de formação, capacitação e qualificação artística, reservando inclusive, vaga para membros de outros grupos culturais do Subúrbio.

Já 2009 foi o ano que mais lhe reservou surpresas. Neste ano, ele e mais cinco integrantes de grupos de arte e cultura do Subúrbio conseguiram um feito inédito. Mobilizaram toda a cidade e mostraram que a arte que é feita aqui precisa de muito mais atenção. Durante dez dias o subúrbio ficou em foco e, através da sua arte, a nossa voz foi finalmente ouvida. É claro que estamos falando do festival de teatro do Subúrbio. Assim como Ravinny, o evento veio para mudar a forma que a arte era vista nesta região da cidade. Graças a ele a semente foi plantada e ela tem nome, todos conhecem como COLETIVO DE PRODUTORES CULTURAIS DO SUBURBIO.

Com certeza existe um lugar reservado neste imenso Universo para todo coração irrequieto, obstinado, perseverante, irreverente, abusado, virtudes e defeitos de um ser humano que nos indicou o caminho das pedras e exemplos a serem perseguidos. Particularmente, estivemos mais próximo dele durante a realização do Festival de Teatro do Subúrbio – Ano I resultado do esforço conjunto de um Coletivo, do qual fazia parte, e empenho sobre-humano desta figura que hora nos deixa para configurar entre as estrelas, certamente lá estavam precisando de um diretor guerreiro de talento inigualável, um irmão e amigo.

Como tudo nesta existência tem sempre um recomeço, acreditamos, piamente, que Jorge Ravinny, como gostava de ser chamado, está escrevendo e preparando um Grande Festival para todos nós celebrarmos a eternidade, portanto até daqui a pouco amigo, nos espere porque quando estivermos prontos, nós chegaremos... Nos aguarde.

Não existirá morte porque suas lembranças estarão sempre acesas em nossas mentes, assim como estaremos sempre vivos em você.

Atenciosamente,

Coletivo de Produtores Culturais do Subúrbio
.

0 comentários: